quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Sobre as muitas vidas de uma vida

 Muitas vidas numa só vida, disse certa vez,  e de algum modo virou  mantra, que ajuda a marcar o ritmo da  caminhada;

Lá se vão os anos,  floreiras desabrocham e murcham, derrubam sementes, que em dias úmidos, se permitem germinar, de novo florescem,  sempre flores, nunca as mesmas, sempre belas;

Lomba a cima, lomba a baixo, por vezes reclama do sol quente, noutras se delicia com a brisa fresca, segue andando, o caminho nunca é o mesmo, dependente do lado que se volta o olhar, para cima, para baixo, para os carros, para os jardins, para o céu, para os fios de eletricidade, para seus próprios pés. Respira! Alívio, hoje é dia de brisa, acho que é primavera;

De tempos em tempos, o caminho fica desconfortável, nem se deu conta, é verão então? O grau dos óculos mudou, não se vê mais o que se via, não há mais floreiras, o chão está poeirento, o sol queima demais,  e as brisas foram substituídas pelo abafado úmido que gruda na pele, repugnando, quase  asco; 

E se o caminhante já não for o mesmo? É bom que refaça a rota, pensa depressa!

 É urgente, um novo caminho, semeia, rega sem cessar, é trabalho árduo,  e olha só! Já está pronto, agora com muito mais  árvores, tem mais sombra, então o chão é mais úmido, a grama cresce, as flores se mantém...

Segue, segue,  logo ali, será outono, e depois inverno, e o grau dos óculos vai mudar de novo, e no caminho, verá o que ainda não vira, porque já não é o mesmo, tem novos olhos, novos ouvidos, pode ser que use mais rosa agora, ou mais azul, ou verde água, importa que  traçou nova rota, refez a estrada e criou nova vida. 

Agora, apenas seja paciente com  a brotação. 





sábado, 31 de julho de 2021

Quando dor se refaz em poesia - 14 de julho fim de um ciclo com o incêndio no Prédio da Secretaria de Segurança Pública - RS



 E de hoje o que fica e o que vem?

Certo que fica, a lembrança do pôr do sol, que não levantei para apreciar. Ora, veja, não apreciei-o de fato, mas estive lá por inteiro em todo resto, sofri, vibrei, sonhei, comemorei!
As violetas ficam, cumpriram seu papel! Sempre me fizeram companhia, ouviram minhas dores e risos.
As canecas ficam, dolorosamente ficam!
As imagens das três janelas, das três vistas, das três salas, que abraçaram minhas manhãs, nesses 10 anos, ficam.
Impossível deixar os piqueniques do pátio, as conversas desconexas de corredor, as semanas juninas, as "terapias" do almoço. O caminho descoberto, reiventado e sempre trilhado com paixão, esses vem comigo! Ah, esses estão em mim!
Todas as "Elises" diferentes que cruzaram os corredores, enquanto aprendia, crescia, errava e vivia. Elas vem!
Vem junto a permissão de sentir essa dor, pelo ciclo rompido, pelas memórias mexidas, pelo medo do devir. Agora tem chuva lá fora, e é dia que se permite o choro se assim quiser, está autorizado, deixa o peito apertar, estranho seria estar  bem!

sábado, 17 de abril de 2021

Vazios e excessos

 "No esvaziamento dos meus excessos, falta-me tempo;

Falta-me tempo para o sofrimento tão  justo que  careço;

O tempo de ouvir a intuição, de esperar a lágrima sentida cair;

A correria que me interpela, sorropia além do sorrir, o direito de sentir dor;

Já não se pode entristecer, não há tempo e nem motivo suficiente, para que se permita chorar;

A lágrima demorada, fora proibida, a cara sofrida abolida;

A regra é ser feliz, maquiagem e;

Bola pra frente se diz!

Nunca pensei que luxo seria, àquela mulher que ainda pudesse sentar e aguardar, uma doce e quente lágrima rolar."


Coisas de Elis 17/04/19

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Por que é tão difícil a felicidade?

E nos indagamos, por que é tão difícil a felicidade?

 

Freud em "Mal-estar na civilização " aponta três fontes de insatisfação e sofrimento humanos: a prepotência da natureza; a fragilidade de nosso corpo e a insuficiência de normas que regulam os vínculos humanos na família, no estado e na sociedade. As duas primeiras nos rendem ao inevitável reconhecimento que são fontes de sofrer e há pouco que possamos fazer para amenizar, pois não há como controlar o tempo, nem o envelhecimento do corpo, menos ainda os imprevistos a que estamos sujeitos. De posse desse conhecimento seu efeito não deve ser paralisante ao contrário, motivador! Não temos controle, o que pode ser pulsional e motivador para ação no campo do possível: não posso controlar a natureza, mas é possível ter consciência de preservação, de empatia e cuidado com universo, não há como controlar o envelhecimento, mas posso amar e cuidar meu corpo, não me referido a atrofia dos músculos, no esforço diário para fazer o que eles não foram originalmente criados para fazer, nem de enxertos para alimentar padrões sociais, o que na maioria das vezes vai gerar ainda mais sofrimento, visto que o modelo ideal é impossível de se alcançar. Falo do acolhimento de si, como ser frágil e transitório, se colocando frente ao social de seu modo, um modo único, flexível e amoroso de si. Quanto a terceira causa de sofrimento, a social, é preciso admitir que viemos fracassando em termos de contratos sociais, nosso narcisismo excludente e hostil nas relações, nos leva e ao outro para uma profunda insatisfação com a civilização. Insatisfação com o próprio grupo, inadmissível ousar desagradar alguém, mesmo que sem perceber e sem intenção, ao ser você mesmo, logo vira meme/tiktok/fofoca de ódio. E vamos falhando, enquanto rasgamos nossos contratos sociais pela falta de empatia e narcisismo gritantes. A civilização falha, no micro, no macro e julga, se ocupa de julgar e se julgar se tornando tão ou mais hostil que alguns dogmas antigos de fé. Uma vida mais simples acolheria, uma vida mais empática e a consciência que não temos controle de nós, nem do outro e está tudo bem, podemos conviver, com arte, moda, com cálculos, pois há algo que nos liga, que é o mesmo desejo da felicidade, tendo caras e caminhos distintos para cada um. Ocupe-se de si o resto acolha, observe e deixe ir.

domingo, 22 de novembro de 2020

Mulheres sábias

 É um lindo domingo de primavera, e recebi muitas fotos de flores da minha mãe, fotos de parreiral do meu pai, carregadas de memórias e sentimentos. No meu domingo, paz e mantras, enquanto ainda leio "A ciranda das mulheres sábias" de Clarissa Pinkola Estés, a mesma autora do "Mulheres que correm com Lobos", que também já li e aliás recomendo. E foi então, que visualizei algumas das tantas mulheres sábias que perpassaram o meu destino, e o quanto cada uma me moldou e me ensinou, quando o sentimento de desamparo bateu, e ele bate! Ah, sim! Qual mulher nunca se sentiu perdida, cansada e insegura, sem saber para onde seguir? Bom, nesses momentos é sempre bom ter a mulher sábia por perto, aquela que já despertou e vai poder te indicar o caminho, pois ela já o percorreu, já tem a marca  da batalha vencida, ou perdida, mas já o conhece. É preciso aprender a reconhecer a mulher sábia a volta, e distinguir daquela que ainda não despertou, aprender a ouvir a mulher sábia do seu interior. Não importa onde ou como estamos vivendo, a chama dourada da sabedoria está lá, em cada mulher, ela pode despertar ou não,  contentar-se com o vazio de uma vida posta para ela, ou escolher rasgar-se e remendar-se até que se permita brilhar com a chama dourada da mulher sábia. No fundo sabemos distinguir o tom de voz da mulher sábia quando ela chega, o sussurro de seus conselhos que algumas vezes não dizem o que  queremos ouvir. A mulher sábia pode ter te ensinado como ser ou como não ser, como bater a maionese, ou o que não falar para os "homens" de si,  como agir no trabalho, ou o que vestir para namorar, quem sabe apenas ter te dado uma receita de bolo ou chá, você pode ter usado os conselhos ou simplesmente descartado.
  A mulher sábia se passa pela mulher comum ao teu lado, para entregar o recado no momento certo, no momento que você precisa e está pronta para receber. Quantos recados dela deixamos escapar todo dia! Sem dar permissão para que ela se aproxime o suficiente para que possamos ouvi-la. A mulher sábia não necessariamente é uma velha, mas pode ser, embora a mulher sábia nunca envelheça, pois o que a move não conta tempo, o que a move está além. Ela já fez a viagem por sua própria sombra e se conhece, e se reconhece na outra mulher sábia quando a vê, elas  trocam, elas conversam, suas cicatrizes vão ter semelhanças, e uma sempre estará disposta a carregar a outra nos braços quando for preciso. Fico imaginando se a mulher sábia em mim, já começa a despertar, e fico agradecendo cada sussurro das que vieram antes de mim, e me indicam o caminho, nunca me indicaram o caminho mais fácil, mas sempre aquele que eu precisava percorrer. E assim permanecerá, como foi com àquelas que vieram antes, e seguirá com as que ainda virão, mas somente com as que estiverem dispostas a se aproximar o suficiente para ouvir seus sussurros de sabedoria, porque a mulher sábia passa discretamente, embora jamais despercebida. 

terça-feira, 21 de julho de 2020

Cotidianos

Era inverno, era um tempo de Covid no ar, nos corpos e nas mentes das pessoas. Assistia aula online, disciplina de férias, "desenvolvimento adolescente", abordagem psicanalítica. Bebia uma taça de vinho, em goles macios, que duraram as 3 horas de aula. Decide escrever, nem sabe o porquê, sabe que o momento não é bom ali fora, mas aqui dentro há calma, há confiança. A vida tem sido mais suave, do que quando a ensinou a não limpar os pés na grama do jardim, menos complexa do que quando a ensinou que as pessoas também são cruéis. Tem sido mais leve, talvez seja o que chamam de maturidade. Não sabe, não se importa, apenas continua e usufrui, como se sempre tivesse sido assim. Mas segue, pois há novos lugares, novas liberdades, muito a fazer e se tivesse alguma certeza, que não as tem, ela seria de sempre continuar. Se houvesse um único conselho útil, seria "não pare de aprender, mas comece a ensinar", não guarde nada para si, o universo se abre para quem está disposto a se soltar, vá, largue a necessidade de estar certo, a necessidade de ser visto, faça  por você. Mas não quer escrever autoajuda, quer ser ferramenta para libertar pessoas, libertar de si e dos seus constructos, então segue, apenas segue e usufrui. 

quinta-feira, 25 de abril de 2019

"Um dia acordei e decidi: vou semear.
Minha vida hoje, é jardim comum, com flores e espinhos, aprendi a desviar do espinhos e não me preocupar com os elogios ou críticas a brotação. Floresço todas as manhãs, desabrocho com a  luz do sol. Se lágrimas escorrem de meu rosto elas irão regar minhas raízes e torná-las mais resistentes. Muitos observam e jogam novas sementes, outros fixam o olhar tentando murchar as pétalas. Mas o jardim foi fixado em solo fértil e apesar de enfrentar também climas ruins, ele floresce."

Coisas de Elis

sábado, 26 de janeiro de 2019

2018 - O ano que aprendi a andar de bici

Era o ano de 2018, final de dezembro  e um ano após o lançamento da música "Que tiro foi esse" da Jojo Maronttinni. Dois mil e dezoito, foi o ano que minha vida fez jus a essa música, que "tiro foi esse", no meu 2018!!!

Em março mergulhei no segundo semestre da faculdade de psicologia, no Instituto Metodista, com ênfase em Psicologia Social, atentem a esse detalhe! Ênfase na Social ( Direitos Humanos, Foucaut, Foucault, Foucault, Agamben, Spinoza e turma). Amei tudo, óbvio!

Mesmo março de 2018, último semestre da faculdade de Administração na ULBRA, foi o semestre que eu mais me perguntei:-"Por que mesmo eu estou fazendo essa faculdade?" Artigo de conclusão com o tema: Qualidade de vida no trabalho. Jura? Funcionária pública em 2018, falar sobre qualidade de vida no trabalho sem entrar em depressão profunda!

Abril foi o mês mais tenso, "eu não acredito que tenho que escrever esse artigo!"  Mas sim tenho, quero a graduação, quero a titulação  e acima de tudo provar que simmmm eu consigo! ( Elis sendo Elis).

Bunda na cadeira literalmente, e dedos no teclado. Muito vinho tinto, o outono e sua delícia de temperatura. Sábados intensos, de pesquisa e produção, bagunças acumuladas na casa, pó acumulado nos móveis, menos receitas novas na "Cozinha da Elis".

Maio! Quem vai formatar essa "P....." desse artigo! Quem faz, quanto custa, ahhhh quer saber quem vai formatar, euuuu! Euzinha mesmo, afinal sou professora de português, né!

Adotei a duras penas, um conceito novo pra mim, o de "suficientemente bom", contrariando minha obsessão por "melhor possível beirando  perfeito".

No outro extremo: estágios de psicologia, visitas às instituições, conceitos de "instituição total", "medicalização da vida", a história do Hospital Psiquiátrico São Pedro, o tumulto numa galeria na visita do Presídio Central (Cadeia Pública de Porto Alegre), o grupo de estudos LGBTs nas prisões...

Metade do ano! Artigo aprovadíssimo, semestre de Psico concluído com sucesso, FÉRIAS!

Caos! Eu não aguento mais trabalhar, o universo está me escravizando! Férias do trabalho então e aulas para dar no curso de formação da SUSEPE. Gente nova chegando, esperança, renovação, sempre me faz bem. Não dessa vez, não foi suficiente! Porque eu faço 40 anosssss em agosto e já é agosto e a minha formatura também é em agosto!

Reviravolta - Cortei o cabelo, fiz luzes e deixei voltar a cachear! Vontade imensa de comemorar, de viver, festa de 40, mulherada só e apenas mulherada da "P..." no Valen!!!

Formatura na ULBRA, lindaaaa, pizzaria depois, espumante e sensação de eu sou fodástica! Sairam 5 toneladas das minhas costas, sou livreeeee, agora uma pessoa normal que trabalha e faz 1 (uma) faculdade a noite.

Mas peraí, que papo é esse  feminasi? Feminista é feia, feminista não se depila! Direitos humanos é coisa de esquerdista! Vegano? Tudo maconheiro! Funcionário público?  Mamador! Tudo petê! E foi assim que me descobri: feminista, peluda, feia, petista, maconheira e mamadora, nas palavras dos "amigos" de redes sociais e da família.

Aí, lembrei da música da Jojo! Que tiro foi esse!

O estágio nesse semestre é em Mindfulness, então...

Deixa pra lá, já era o último domingo do ano, a Redenção estava vazia (graças a Deusa kkkk), fiz o cadastrinho no bike Poa, e com ajuda, incentivo e força para equilibrar a bike, comecei as tentativas pelo parque.

Exausta, e até o momento com pouco sucesso, deitei na grama sobre a canga, ao lado da bici, e então vi meus monstros internos, grudados nela, todos os meus nãos da infância, os meus nãos da vida, todas as vezes que quis coisas possíveis e não me permiti, todas as culpas incutidas, estavam rindo ao meu lado.

Foi aí que tentei novamente e  determinada!  Como tudo que se faz com determinação, eu andei! O equilíbrio necessário, atingido, não com perfeição, mas o necessário para andar. O vento de dezembro de 2018, batia no meu rosto, e me libertava das angústias sufocadas, das vontades reprimidas e medos assombradores, deixa partir, deixa ir,  já não me servem mais.

E assim foi em 2018, que andei de bici pela primeira vez! E um 2018, que encerrei vendo os fogos no Gasômetro e revoltada com o banner da chaminé (mais um sinal de esquerdiopatia?).

Ps: Ainda me depilo.
Ps: Mas porque EU quero.





sexta-feira, 19 de outubro de 2018

DEUS SEGUNDO SPINOZA


“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre.
Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.
Baruch Spinoza.
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Em pleno século XVII, Baruch Spinoza ou Espinosa, ou Espinoza (1632-1677) nasceu em Amsterdã, Holanda, escreve palavras que se fazem valer ainda na atualidade.

A QUINTA VIDA DE ELIS

Num primeiro momento, pensei em excluir o blog, já que tanto tempo se passou, sem que eu escrevesse. E como tenho mudado tanto, o que é per...